Fatores de Risco e Prevenção do Câncer de Ovário Epitelial


Diferentes fatores podem aumentar o risco de uma mulher desenvolver câncer epitelial (o tipo mais comum) de ovário.

História Familiar: Sem dúvida história familiar de câncer é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de ovário. Isso se deve em parte pela presença de mutações genéticas hereditárias (herdadas, de família) entre muitas dessas pacientes. Em casos onde não identificamos alguma mutação genética hereditária ainda podemos ter um aumento do risco apenas pela presença de história de câncer de ovário na família.

Ter história de parente de primeiro grau (mãe, irmã, filha) com câncer de ovário pode aumentar por duas vezes o risco de uma mulher de ter câncer de ovário; esse risco pode aumentar 5x em caso de mais de duas parentes próximas com câncer de ovário, particularmente quando ocorre antes dos 50 anos.

Fatores genéticos: Até 25% das pacientes com câncer epitelial de ovário podem ter uma dessas mutações (variações genéticas) hereditárias. Sendo as mais comuns as mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2, que estão associados a alto risco de câncer de ovário e câncer de mama. Outra causa genética relacionada a risco de câncer de ovário é a síndrome de Lynch que está associada a alto risco de câncer de intestino e útero.

Idade: O risco de uma mulher desenvolver câncer de ovário aumenta com a idade, principalmente após os 50 anos; cerca de metade das pacientes com câncer de ovário tem mais de 60 anos.

Obesidade: Mulheres obesas no início da vida adulta tem maior risco de câncer de ovário, e também tem uma pior evolução após diagnóstico da doença.

Endometriose: pode estar associado ao câncer de ovário

Fatores relacionados a vida reprodutiva que elevam o risco:

  • Mulheres que começaram a menstruar muito cedo, antes dos 12 anos.
  • Nunca ter tido filhos, ainda que seja por alguma causa de infertilidade não explicada, aumenta o risco de câncer de ovário.
  • A menopausa tardia, isto é, após 51 anos.

Terapia de reposição hormonal: mulheres que fizeram terapia de reposição hormonal apenas com estrogênio após a menopausa apresentam maior risco.

Por outro lado, alguns fatores podem ser protetores e reduzir o risco:

Anticoncepcionais via oral: ao contrário do que muitas mulheres pensam, tomar anticoncepcionais orais por 3 anos ou mais está relacionado a menor chance de desenvolver câncer de ovário.

Amamentação: quanto mais tempo a mulher amamenta, menor é o risco.

Ligadura/laqueadura tubária: mulheres que fizeram laqueadura (cirurgia para evitar a gravidez) podem ter um risco menor de desenvolver câncer de ovário.

Aconselhamento genético

O aconselhamento genético tem como objetivo avaliar se o paciente e sua família possui um risco elevado de câncer, o que chamamos de predisposição genética; se existe suspeita de alguma mutação (variante genética) hereditária e discutir com a paciente sobre a realização de teste genético para identificar essas mutações. Atualmente recomenda-se que todas as pacientes com diagnóstico de câncer de ovário epitelial de alto grau sejam encaminhadas para consulta de aconselhamento genético e realização de teste genético, independente da história familiar de câncer e da idade para paciente. Após a realização do teste genético, é durante o aconselhamento genético que o médico especialista pode interpretar os resultados junto com a história pessoal e familiar da paciente e fazer as estimativas de risco de câncer da paciente e seus familiares. E também discutir as medidas possíveis para reduzir esses riscos como cirurgia redutora de risco, medicamentos (quimioprevenção) ou a realização de exames (rastreamento) mais frequentes.

Cirurgia redutora de Risco

Mulheres que carregam mutações nos genes BRCA1 e/ou BRCA2 devem ser avaliadas para cirurgia redutora de risco, que corresponde a remoção das trompas de falópio e ovários (salpingo-ooforectomia bilateral).  No entanto, a magnitude da redução de risco depende de qual gene é mutado, com riscos estimados variando de 36% a 46% para a mutação BRCA1 e de 10% a 27% para portadores de BRCA2. Devido à falta de rastreamento eficaz para câncer de ovário, essa estratégia é recomendada para portadores das mutações.

O aconselhamento para essa cirurgia deve incluir discussão extensa sobre risco de câncer, riscos da cirurgia, gestão dos sintomas da menopausa secundários a retirada dos ovários, e desejo reprodutivo. É de suma importância abordar questões psicossociais, com foco na qualidade de vida.

De uma forma geral, a recomendação de diretrizes nacionais e internacionais é que a cirurgia redutora de risco seja realizada entre 35 a 40 anos para portadoras de mutação em BRCA1, e 40 a 45 anos para mutações em BRCA2.

Rastreamento

Na população geral, não carreadoras de genes que predispões a câncer, não existe recomendação para rastreamento, seja com imagens ou marcador tumoral. Uma vez cientes dos fatores de risco, orientações quanto evitar excesso de peso, hábitos saudáveis e consultas regulares ao seu médico são fundamentais.

Para pacientes portadoras de mutações BRCA1/2, a triagem também não é recomendada. No entanto, em pacientes com idade inferior a recomendada para cirurgia redutora de risco, ultrassonografia transvaginal e dosagem sérica de CA 125 podem ser consideradas.

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