Tratamento – Visão Geral
O tratamento do câncer do colo do útero depende do estágio em que é diagnosticado. Em estágios iniciais, envolve cirurgia, por vezes seguida de tratamento complementar com quimioterapia ou radioterapia. Em estágios avançados, em que há comprometimento dos gânglios linfáticos (linfonodos) da pelve ou de outros órgãos, envolve uma combinação de quimioterapia e radioterapia ou apenas quimioterapia.
Tratamento da Doença Inicial
A base do tratamento da doença inicial é a cirurgia. Entretanto, algumas pacientes necessitarão de radioterapia e quimioterapia complementares após a cirurgia visando aumentar as taxas de cura. Esse tratamento chamado adjuvante não é indicado para todas as pacientes e sim para alguns subgrupos com maior risco de recidiva com base no resultado do exame anatomopatológico. A quimioterapia com cisplatina após a cirurgia é indicada de forma concomitante à radioterapia em casos em que há margens positivas, linfonodos comprometidos ou paramétrio comprometido. A quimioterapia é realizada na veia e tem como objetivo potencializar o efeito da radioterapia. Na maioria das vezes, é um tratamento bem tolerado.
Tratamento da Doença Localmente Avançada
O câncer de colo de útero localmente avançado compreende tumores maiores ou iguais a 4 cm ou com extensão para tecidos pélvicos ou para linfonodos regionais (pélvicos e/ou abdominais).
O padrão de tratamento da doença localmente avançada é quimioterapia com cisplatina concomitante à radioterapia. A cisplatina é realizada na veia uma vez por semana, por seis semanas. O inicio da quimioterapia deve coincidir com o início da radioterapia, uma vez que o papel da quimioterapia é potencializar o efeito da radioterapia. De um modo geral, esse esquema de quimioterapia provoca poucos efeitos colaterais e a maioria das pacientes consegue terminar todo o tratamento. A cisplatina não provoca alopecia, portanto, as pacientes não apresentam queda de cabelo durante o tratamento. Os principais efeitos colaterais são: náuseas, vômitos, cansaço, intestino preso ou diarreia. Além de medicações para minimizar esses sintomas, orientamos aumentar a ingestão de água para manter a paciente hidratada e evitar danos nos rins.
Na doença localmente avançada, o tratamento cirúrgico, ou seja, a retirada do útero, não é indicada como rotina, mas apenas em alguns casos em que há doença persistente após a quimiorradioterapia.
Tratamento da Doença Recidivada ou Metastática
Algumas pacientes apresentam recidiva da doença ou já apresentam metástase ao diagnóstico. Nessas situações o tratamento com quimioterapia melhora sintomas, controla a doença e aumenta a sobrevida. O esquema de quimioterapia mais utilizado é platina (carboplatina ou cisplatina) associada ao paclitaxel em uma infusão de aproximadamente seis horas, na veia, uma vez a cada três semanas. Recomenda-se reavaliar a resposta ao tratamento com exames de imagem (tomografia computadorizada, ressonância magnética ou PET-CT) após o terceiro ciclo de tratamento. Se a paciente estiver com melhora dos sintomas e doença controlada realizamos um total de seis ciclos. Os principais efeitos colaterais desse tratamento são queda de cabelo, dor no corpo, sensação de formigamento nos pés e nas mãos, náuseas, vômitos intestino preso ou diarreia, cansaço e aftas na boca. Esses efeitos, em geral, são de leve intensidade e manejáveis. Pode ocorrer anemia, queda dos leucócitos (células responsáveis por nossa imunidade) e queda das plaquetas, que fazem a coagulação do sangue. Em caso de febre durante o tratamento é recomendado procurar o pronto atendimento para avaliação.
A associação do medicamento bevacizumabe ao esquema de quimioterapia é indicada quando disponível e na ausência de contraindicações. O bevacizumabe é um medicamento antiangiogênico que inibe a formação de vasos sanguíneos que nutrem o tumor. Os principais efeitos colaterais de seu uso são aumento da pressão arterial e dificuldade de cicatrização. Hemorragias, eventos trombóticos, perfuração intestinal e surgimento de fístulas (comunicações entre intestino e bexiga, intestino e vagina ou bexiga e vagina) são complicações pouco frequentes, mas possíveis. Com uma análise criteriosa de cada caso, os efeitos colaterais são minimizados.
Como é o tratamento com cirurgia no câncer de colo do útero?
Tipos de Cirurgia
Temos basicamente 4 tipos de cirurgia escalonadas pelo tamanho do tumor inicial: conização, traquelectomia, histerectomia total e histerectomia radical.
– Conização é a remoção de um fragmento amplo do colo uterino em forma de cone para englobar uma base e aprofundar em direção ao canal cervical que liga a cavidade do útero ao colo.
– Traquelectomia consiste na remoção total do colo uterino até sua união ao corpo do útero e pode ser simples (só o colo) ou radical com a remoção dos ligamentos ao redor deste, chamados de paramétrios e os linfonodos pélvicos para onde as células de câncer se disseminam.
– Histerectomia total consiste na retirada do útero como um todo incluindo o colo uterino. Pode ser realizada por via vaginal ou abdominal, aberta (com corte) ou laparoscópica (minimamente invasiva), assistida ou não por robô. A via a ser utilizada depende de uma série de fatores que serão avaliados pelo especialista para definir a forma mais segura para evitar a recidiva.
– Histerectomia radical consiste na remoção do útero, terço superior da vagina, ligamentos uterinos (paramétrios, ligamentos úterosacros e vésico-uterinos) e linfonodos pélvicos. Pode ser subdividida em quanto dos ligamentos serão removidos e se estruturas nervosas serão ou não preservadas. Eventualmente o cirurgião pode optar por remover linfonodos mais altos na cadeia acima da pelve, no abdomem, chamada de para-aórtica.
Observamos que a remoção dos ovários não constitui parte do tratamento cirúrgico salvo se definido pelo especialista que lhe assiste em busca de maior segurança oncológica.
Pesquisa de Linfonodo Sentinela
O câncer de colo uterino tende a se disseminar através do sistema linfático.
Assim, os primeiros linfonodos de drenagem do colo uterino acabam sendo os primeiros a serem atingidos pelo câncer. Por ser um órgão central ele drena naturalmente para linfonodos em ambos os lados da pelve.
O linfonodo (gânglio) sentinela é o primeiro gânglio para onde drena o sistema linfático de um determinado órgão. É assim chamado por servir de sentinela quanto à disseminação do câncer para fora de seu órgão original. No câncer de colo uterino, a determinação se há células de câncer nestes linfonodos sentinelas define a forma de seguir o tratamento.
A técnica consiste em marcar estes linfonodos para serem identificados e removidos na cirurgia. Podem ser utilizados corantes, como azul patente e indocianina verde (este depende de câmera especial com fluorescência para ser identificado) ou substância discretamente radiotiva que pode ser percebida por um pequeno contador Geiger durante a cirurgia. A injeção é realizada horas antes do procedimento no caso da radiação ou logo antes de se iniciar no caso dos corantes. A injeção é feita no colo do útero com uma pequena agulha e não causa dor nem outros problemas. O cirurgião então localiza o linfonodo marcado e o remove. Devem ser encontrados pelo menos um de cada lado da pelve. Se não encontrado, o lado deve ser totalmente dissecado e todos os linfonodos desta parte removidos.
Cirurgia Preservadora da Fertilidade
Quando a paciente ainda tem desejo de ser mãe e apresenta um câncer de colo de útero, podemos remover o colo sem remover o útero todo, permitindo assim que o corpo uterino, que é onde o embrião se aloja, permaneça intacto e permita à paciente ser mãe.
A remoção exclusivamente do colo pode ser total nos casos de câncer de maior tamanho, como na traquelectomia simples ou radical, ou de apenas uma parte do colo quando o câncer ainda é microscópico, como na conização.
Sempre que o colo é removido parcial ou completamente, deve-se avaliar a necessidade de se amarrar o colo para impedir que ele se abra durante a gestação. Por isso é importante avisar ao obstetra sobre qualquer cirurgia no colo uterino.
Efeitos Adversos do Tratamento Cirúrgico
Todo procedimento cirúrgico é passível de efeitos indesejados. A remoção do colo uterino pode causar sangramentos durante o ato sexual e dor. Torna mais difícil o exame ginecológico pois a anatomia se modifica.
No caso dos tratamentos radicais, por termos que dissecar na região dos ureteres e bexiga existe o risco de lesão destes, as vezes com necessidade de uso de sonda na bexiga por algum tempo ou um cateter dentro do ureter até que ele se restabeleça. Se ocorrer lesão a nervos, a bexiga e o intestino podem apresentar dificuldades para evacuação e micção.
Na histerectomia radical, por ser necessário a remoção de parte da vagina, esta pode ficar curta e haver desconforto durante o ato sexual.
Como o colo do útero é responsável por segurar o feto dentro do útero até que se entre em trabalho de parto, sua remoção parcial ou completa pode fazer com que ocorra um parto prematuro. Para evitar isso, deve-se alertar o obstetra sobre a situação para que ele proceda a cerclagem do colo (amarra o colo para que ele não abra).
Como é o tratamento de radioterapia no câncer de colo do útero?
O colo uterino está próximo de muitas estruturas importantes na pelve, como o reto e a bexiga. A definição da melhor forma de tratamento do câncer de colo uterino deve ocorrer após avaliação multidisciplinar individualizada, considerando-se a relação da doença com as estruturas à sua volta e os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos. A radioterapia pode ser integrada ao tratamento de duas maneiras principais, combinada ou não a quimioterapia:
Radioterapia adjuvante: nos casos em que haja acometimento linfonodal (doença chegou nos linfonodos inguinais ou pélvicos), margens comprometidas ou exíguas, ou uma combinação de características desfavoráveis (por exemplo, invasão vascular linfática, tumores muito extensos ou que invadem órgãos ou tecidos próximos), a radioterapia pode ser indicada após a cirurgia.
Radioterapia radical: nos casos em que a cirurgia não seja possível ou haja uma chance alta de se necessitar de radioterapia adjuvante, devido à extensão da doença, a radioterapia pode ser indicada como tratamento exclusivo do câncer de colo uterino e geralmente é combinada à quimioterapia.
Tipos de radioterapia
A radioterapia pode ser dividida em dois grandes grupos: teleterapia/radioterapia externa e braquiterapia. Atualmente, a grande maioria dos tratamentos com teleterapia ocorrem em aceleradores lineares, equipamentos que usam energia elétrica para produzir radiação ionizante artificial. A paciente fica deitada em uma mesa e o equipamento gira ao redor dela emitindo a radiação terapêutica. O tratamento é indolor e não há contato entre a máquina e a paciente. Já a braquiterapia faz uso de fontes radioativas que são colocadas próximas ou mesmo no interior da paciente. A radioterapia no câncer de colo uterino ocorre principalmente por meio da combinação da radioterapia externa e da braquiterapia.
Existem diferentes técnicas de radioterapia externa e as que podem ser usadas nesse contexto são principalmente a radioterapia 2D, 3D e IMRT. A radioterapia 2D está em desuso atualmente. A principal vantagem do IMRT comparado ao 3D é a possibilidade de maior conformação da dose, o que permite diminuição da dose nos órgãos de risco e, com isso, a diminuição das chances de efeitos colaterais. O número de sessões varia conforme o intuito do tratamento (adjuvante ou radical) e extensão da doença. Geralmente, ele ocorre em dias úteis consecutivos, uma vez ao dia, e cada sessão dura cerca de 15 minutos.
A braquiterapia pode ocorrer em dois cenários: no tratamento radical e no tratamento adjuvante, em ambos os casos em combinação com radioterapia externa. Cada sessão inicia-se de maneira semelhante a um exame ginecológico. Em seguida são colocados os aplicadores cuja escolha depende das características do tumor e se a paciente tem ou não útero. Pode ser necessário o uso de analgésicos ou anestesia. Após a inserção, é feito um exame de imagem para planejamento e conferência dos aplicadores, e em seguida o tratamento é realizado com duração de alguns minutos. Após cada sessão pode ocorrer um pouco de desconforto na região e sangramento de pequena quantidade.
Efeitos adversos da radioterapia
Os efeitos colaterais da radioterapia podem ser agudos, quando ocorrem durante ou logo após o tratamento de maneira gradativa e progressiva, ou tardios/crônicos, quando ocorrem após semanas ou anos. Eles são dependentes do tipos de tratamento realizado (doses, volumes, técnica) e da integração com os outros tratamentos (quimioterapia e cirurgia). Por tratar-se de um tratamento local, os efeitos colaterais são em sua maioria localizados.
Com relação aos efeitos colaterais agudos, pode haver uma sensação geral de cansaço. Durante o tratamento o efeito mais comum é uma reação mucocutânea (radiodermatite e mucosite) na região pélvica, a qual pode variar de vermelhidão ou descamação, evoluindo raramente para lesões de pele. Pode haver dor, coceira e infecção local secundária associada. O acompanhamento com equipe médica e de enfermagem é primordial para monitoramento e manejo dessas reações, e pode ser necessário uso medicações tópicas, via oral ou até mesmo pausas. Também pode ocorrer ardor para urinar, aumento da frequência urinária, alteração do hábito intestinal (diarreia) e cólica abdominal. Com relação aos efeitos colaterais tardios, pode haver alterações de pele (escurecimento, alteração da textura), ressecamento, estenose e atrofia vaginal, disfunção sexual e infertilidade e, raramente, lesões articulares no fêmur. Além disso, pode haver alterações na função urinária, cistite, alterações na função intestinal e sangramentos.
É importante ressaltar que a paciente não fica radioativa, (ela é apenas irradiada durante o tratamento), e não há qualquer contra-indicação de aproximar-se de gestantes ou crianças.
Tive câncer de colo do útero e recidivou, e agora? Quando a cirurgia é recomendada?
A maioria das pacientes com doença recidivada teve seu diagnóstico inicial em fase avançada e já foi submetida a tratamento com radioterapia. Essa modalidade de tratamento pode causar efeitos adversos permanentes que incluem: complicações urinárias (fístulas, estenose, fibrose), intestinais (perfuração ou obstrução), sexuais (encurtamento da vagina, dispaurenia e perda da função sexual) e esqueléticas (desmineralização e fraturas).
Nas pacientes com recidiva de doença, é necessário realizar uma avaliação pré-operatória com exames clínicos e de imagem para avaliar a ressecabilidade da lesão. Esse processo avaliará, dentre outros: a presença de implantes peritoneais, metástases em linfonodos e doença a distância.
Em casos selecionados de recidiva, a cirurgia pode ser indicada como tratamento. Os procedimentos cirúrgicos podem ser mais simples, como a histerectomia, ou mais complexos, como a exenteração pélvica, a ressecção endopélvica lateralmente estendida ou a ressecção pélvica estendida lateralmente. Esses últimos apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade para as pacientes. Além disso, resultam em qualidade de vida aceitável, porém reduzida, pois envolvem a remoção de órgãos importantes como bexiga, uretra, vagina, cérvice, útero, tubas, ovários, reto, ânus e, em alguns casos, a vulva.
A histerectomia simples pode ser realizada em pacientes que apresentam doença recidivada limitada ao útero e de baixo volume. Quando se optar por cirurgias complexas, é necessário reestabelecer a função urinária e intestinal, com a realização de derivações e/ou ostomias, além da reabilitação progressiva e contínua.
Podemos reduzir os índices de morbidade e mortalidade dessas pacientes quando associamos uma criteriosa avaliação pré-operatória e o emprego de técnicas cirúrgicas mais complexas.
Como parte do tratamento paliativo, a indicação de cirurgias complexas ainda é controverso e são necessários mais estudos para comprovar se existe algum benefício de seu uso nas recidivas do câncer de colo do útero.
Tive câncer de colo do útero e recidivou, e agora? Quando a radioterapia é recomendada?
O tratamento das recidivas é individualizado. O primeiro passo é determinar o tipo de recidiva: local, linfonodal ou a distância (metástase). Além disso, é importante considerar os tratamentos prévios já realizados, principalmente a dose de radiação já recebida. A radioterapia pode ser combinada a outras modalidades (cirurgia ou tratamento sistêmico) e, em todos esses cenários, idealmente, as decisões de tratamento devem ocorrer após avaliação e discussão multidisciplinar.
Recidiva local: nos casos em que a doença voltou no próprio colo uterino, pode haver possibilidade de realizar radioterapia externa ou braquiterapia intersticial. A escolha depende principalmente do tamanho da lesão e da sua relação com estruturas adjacentes.
Recidiva linfonodal: nos casos em que a doença voltou nos linfonodos, é possível realizar radioterapia externa nas regiões de drenagem linfonodal. Em alguns é possível utilizar técnicas ablativas como a SBRT.
Recidiva à distância: nos casos de metástase a radioterapia pode ser usada para controle de sintomas (dor, sangramento) ou, em alguns casos, com intuito ablativo (SBRT), quando há pouca doença.
Tive câncer de colo do útero e recidivou, e agora? Quando a quimioterapia é recomendada?
O retorno (recidiva) do câncer de colo uterino pode ser suspeito pelo aparecimento de alguns sintomas ou pode ser descoberto apenas nos exames de imagem. Quando isso ocorre, o médico irá avaliar vários fatores para a definição do próximo tratamento. O primeiro passo é saber a localização e extensão da doença mostradas pelos exames para saber se a doença está localizada na pelve ou se apareceu em algum outro lugar. Essa primeira definição vai direcionar a equipe médica a decidir sobre a possibilidade de tratamento local, com radioterapia ou cirurgia, ou a indicação de tratamento sistêmico que pode ser com quimioterapia, terapia-alvo ou imunoterapia. Essas medicações vão circular no corpo todo com o intuito de eliminar ou controlar as células do câncer e por isso são indicadas quando existem células neoplásicas em locais distintos de onde surgiram, especialmente se estiverem longe do colo uterino, a fase chamada de doença metastática.
Entre as possiblidades de radioterapia, cirurgia ou tratamento sistêmico pode haver também indicação de tratamentos combinados, a serem definidos pela equipe médica com base no que a paciente já fez anteriormente e no local de células visíveis na fase em que a doença está. Os médicos também levarão em conta fatores como idade, comorbidades (doenças pré-existentes) e estado de saúde em que a paciente se encontra (classificado na oncologia por termos chamados Performance Status de Karnofsky – KPS ou ECOG – Eastern Cooperative Oncology Group).
A quimioterapia é indicada quando a doença volta em locais diferentes, com o objetivo de atingir diretamente as células do câncer. Em alguns casos, ela também pode ser associada à radioterapia para para aumentar seu efeito. A terapia-alvo aprovada para o câncer de colo uterino é indicada quando existe doença persistente ou em lugares diferentes de onde começou e atua inibindo a formação de vasos sanguíneos do tumor (ação chamada tecnicamente de anti-angiogênese); ela pode ser usada associada à quimioterapia por um tempo e depois continuar isoladamente para manutenção da resposta ao tratamento. A imunoterapia também pode ser utilizada quando a doença retorna em órgãos diferentes e tem como mecanismo de ação o estímulo do sistema imune da paciente para que reconheça e elimine de forma mais efetiva as células neoplásicas.
Efeitos Adversos do Tratamento com Quimioterapia, Terapias-alvo e Imunoterapia
Os efeitos colaterais dos três tratamentos são diferentes por apresentarem diferentes mecanismos de ação.
A quimioterapia atua nas células do câncer que estão se dividindo, em suas diferentes fases. Por isso todas as células do nosso corpo que se dividem mais rápido podem sofrer influência direta; as mais afetadas são as células sanguíneas, das mucosas e em alguns casos, os pêlos.
Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos, cansaço, diminuição das células sanguíneas podendo causar redução da defesa, redução das plaquetas (atuam na coagulação sanguínea) e anemia. Existem medicações para controlar os sintomas e em alguns casos é indicado medicação para ajudar a medula óssea a produzir mais células de defesa. Em raros casos, quando a queda de plaquetas ou a anemia é muito importante o médico vai indicar transfusão dessas células sanguíneas. Também existem quimioterapias que causam queda de cabelo, parcial ou total.
A terapia-alvo usada para câncer de colo uterino tem como evento adverso mais comum o risco de elevação da pressão arterial, além de aumentar o risco de sangramento e contraindicar procedimentos cirúrgicos por 6 semanas após a última administração.
A imunoterapia age “ensinando” as células de defesa (linfócitos) a reconhecerem as células do câncer e estimulando o sistema imune a combater de forma mais direcionada as células tumorais. Com essa estimulação, existe o risco de inflamação em diferentes órgãos, sendo a pele o mais comum, podendo ocorrer rash (manchas vermelhas) que podem coçar. Potencialmente todos os órgãos podem sofrer alterações, mas o médico acompanhará o tratamento e dará as orientações para que as alterações, se acontecerem, sejam rapidamente reconhecidas e tratadas.
Vivendo após o câncer de colo do útero
Completar o tratamento oncológico é um alívio! Menos consultas médicas, menos procedimentos que causam desconfortos, menos efeitos colaterais. Seria tudo perfeito se não fosse aquele medinho que bate de que alguma coisa não saia como o esperado ou de fazer alguma coisa que não poderia ter feito.
Pensando nessa fase de grande alegria com um pontinho de preocupação, aqui vão 5 dicas para essa nova etapa:
Cuidado não é sinônimo de preocupação. Uma vez que você já tenha tido câncer, vai precisar de uma rotina de avaliações médicas, exames e cuidados extras com seu corpo.
Qualquer sintoma (tudo que você sente) ou sinal (tudo que você vê) que aparecer, deverá ser discutido em consulta com um médico. Se notar qualquer coisa que incomode, agende uma consulta; atente-se para isso, mas não transforme sua rotina em uma necessidade extrema de ficar se examinando. Cuide-se e deixe as preocupações com seu médico.
Gravidez após câncer de colo de útero
Para as mulheres, o envelhecimento é um aspecto que deve ser considerado na fertilidade feminina independente de terem tido câncer. Quanto maior a idade, mais difícil de engravidar. Além disso a incidência do câncer de colo uterino é maior nas mulheres em idade fértil.
Frente a este quadro, a discussão quanto a fertilidade e técnicas de preservação têm se desenvolvido nos últimos anos. Foram criados protocolos para discutir as expectativas de ter filhos buscando a melhor forma de conservar a fertilidade das mulheres com câncer.
Antes de dar inicio ao tratamento oncológico, os óvulos podem ser captados através de procedimento cirúrgico e preservados, fecundados ou não. Os embriões, que são os óvulos fecundados, ou os óvulos não fecundados, podem ser implantados nas pacientes que mantiveram o útero. Aquelas que porventura foram submetidas à retirada do útero (histerectomia) não podem ser submetidas a estes procedimentos, e desde o inicio do diagnóstico essa questão deve ser abordada.
É importante frisar que o tempo mínimo recomendado entre a cirurgia e a primeira tentativa de engravidar é de três meses. Todas as gestações devem ser consideradas de alto risco e a cesariana deve ser priorizada. A cerclagem, procedimento realizado por meio de uma cirurgia, em que costura o colo uterino para evitar o nascimento antes da hora prevista, deve ser oferecida por vídeo caso a paciente não esteja grávida ou por via aberta, se estiver grávida.
Nas pacientes submetidas ao tratamento oncológico existe uma maior chance de nascimentos prematuros, por isso o acompanhamento é fundamental.
Para o câncer de colo uterino invasivo, os tratamentos padrões são cirurgia ou quimioterapia com radioterapia dependendo do estadio da doença. Para tumores iniciais pode ser realizada a traquelectomia, cirurgia em que retira-se o colo uterino mantendo-se o útero ou conização, cirurgia em que retira-se o parte do colo uterino, ambas buscando o controle da doença e preservação da fertilidade.
Portanto, a gestação após o diagnostico e tratamento oncológico é possível e deve ter seu planejamento e acompanhamento com equipe médica especializada.
Chave Pix:
21.610.750/0001-55 (Associação Brasileira de Tumores Ginecológicos)
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